“Transporte é qualidade de vida. Com a licitação, o usuário tem com quem se queixar. É uma mudança de conceito, comportamento e valor muito significativo", declarou Cabral.
Várias manifestações aconteceram por parte dos motoristas que ficaram de fora da licitação. Outra mudança que causou repúdio na população usuária foi a mudança dos pontos de desembarque, transferido para a Leopoldina, onerando o usuário em mais uma passagem. Antes, o desembarque dos passageiros era realizado, em sua maioria, na Central do Brasil, onde há integração com o metrô e outras linhas de ônibus para toda cidade. Muitos condenaram a atitude impositiva do governo estadual.
A doméstica Elvira José Diniz de Souza, de 55 anos, moradora de Santa Izabel, em São Gonçalo, reclamou do tempo que levou para chegar ao Rio. O trecho que antes percorria em 40 minutos e gastando R$ 3 de passagem, ontem foi feito em 2 horas e ao custo de R$ 8. "Eu pegava uma única van e agora sou obrigada a pegar três ônibus para fazer o mesmo itinerário", reclamou.
Sobre os novos gastos impostos aos passageiros, o governo argumentou que até o final de 2010 será implantado um cartão RioCard Integrado, unificando as passagens.
Fiscalização
Para coibir que vans clandestinas continuassem fazendo o transporte, cerca de mil homens do Detro foram para as ruas, acompanhados das Polícias Militar e Civil, Guardas Municipais e Polícia Rodoviária Federal. As vans autorizadas a realizar o transporte receberam nova pintura e um adesivo do Detro, caracterizando a legalidade e identificando o itinerário.
Trânsito
Com a retirada das vans ilegais das ruas o trânsito melhorou na cidade do Rio. Em compensação, os ônibus, metrô e trens ficaram superlotados. Alguns passageiros reclamam ainda do tempo de espera nos pontos.
Os motoristas beneficiados também reclamam da falta de passageiros e do limite de velocidade imposto pelo contrato. “Os pontos estavam cheios e as pessoas não queriam entrar porque não teriam como sair da Leopoldina ou não tinham dinheiro para mais uma condução. Vim com poucos passageiros e voltei com o carro vazio”, conta o motorista Geraldo do Santos, há 15 anos a profissão.
O processo de licitação do transporte alternativo começou há 10 anos nos 92 municípios do Rio. As primeiras vans legalizadas começaram a funcionar em setembro de 2007 nas regiões Serrana, Centro-Sul, Médio Paraíba, Norte e Noroeste Fluminense. Em junho deste ano, entraram em circulação os veículos da Costa Verde e da Baixada Litorânea.
Em Niterói
Filas nos pontos e ônibus lotados. Esse foi o quadro enfrentado ontem pela população no primeiro dia de circulação das vans licitadas para a Região Metropolitana. As primeiras horas do dia foram marcadas por muita reclamação de motoristas e passageiros. No terminal rodoviário João Goulart, a dona de casa Izabel Cristina, de 43 anos, moradora de Manilha, reclamou do tumulto.
"É um absurdo! Não tem nem fila determinada aqui, só um aglomerado de pessoas, uma bagunça. Sou doente e preciso me locomover com frequência, e para isso é necessário um transporte rápido como a van", protestou.
Segundo o despachante de vans Patrick Nascimento, o número de carros na Rua Marquês de Caxias, no Centro, diminuiu drasticamente.
"Antes trabalhávamos com 40 vans das linhas Apolo, Marambaia e Monjolos. Agora, somente sete carros da linha Apolo estão nas ruas. Essa redução está fazendo com que as filas fiquem quilométricas aqui no ponto. Sem contar os que acabam desistindo e buscando auxílio no terminal rodoviário", disse.
Willian Chaves
www.willianchaves.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário